sábado, 5 de outubro de 2013

Uma reflexão sobre felicidade



O que faz você feliz?

Eu me lembro da música da Clarice Falcão da propaganda do pão de açúcar toda vez que vejo essa frase agora.

Bom, mas desde que a ouvi também eu passei a refletir mais. O que faz você feliz, Dani?

Sempre fui adepta da felicidade simples, de valorizarmos milagres do cotidiano, apreciarmos cada momento. Felicidade e simplicidade até rima, vejam só.

Portanto, segue uma pequena lista de coisas que me fazem feliz:

- Conversar com crianças - e brincar com elas.
- Viajar, nem que seja para uma cidadezinha perto da minha (ou principalmente por essas cidadezinhas).
- Ler e ganhar livros (e cheirá-los).
- Escrever.

Portanto, me permitam ter essas quatro coisas na vida, já serei muito feliz.

#wishlist moletom do Dr Whoo, da Threadless

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Uma missão



Escrever é uma grande paixão minha. E um dos meus maiores objetivos (para dizer a verdade, o maior) ao vir pra cá foi ter paz para finalizar um livro no qual estou trabalhando há pelo menos quatro anos.

Apesar de ter organizado os capítulos, colhido inúmeras referências - bíblicas e literatura em geral, cristã ou não - escrito a introdução e ter feito inúmeros textos com a intenção de colocar como parte do livro, não tinha um capítulo de fato escrito.

Escrever um livro é um processo extremamente prazeroso, mas absurdamente cansativo. A determinação de sentar e se comprometer a escrever, mesmo quando o cérebro insiste em bloquear as ideias, é extremamente necessária.

E eu nunca tive essa determinação antes. Mas o fato de que em pouco mais de três meses vou me encontrar com o Philip Yancey foi o gatilho necessário para que eu tomasse essa postura - quero muito que ele leia o meu livro antes de ser publicado, e queria muito entregar pessoalmente pra ele. Tentei fazer isso no Wild Goose Festival, mas não consegui.

Bom, sentei e escrevi. Seis horas depois e pouco mais de doze páginas escritas (literalmente escritas, o papel e a caneta inspiram minha criatividade muito mais que as teclas do computador) eu terminei o primeiro capítulo do meu livro. Ou pelo menos a primeira versão dele. Tenho certeza que parecerá diferente quando eu o digitar, e quando for revisar minhas referências para acrescentar ao texto.

Não foi fácil, o sono veio diversas vezes. A mão doeu. As costas também. As ideias sumiram no meio do caminho. Mas consegui. Porque sou a mulher incrível? De forma alguma. A graça de Deus me surpreende demais até nisso. Eu, Daniela, sei que não tenho esse tipo de determinação para completar as coisas assim.

E, no meio do caminho, ele me surpreende ainda mais. Uma amiga virtual me procura pedindo ajuda, pra desabafar. Só que, para entender quem foi que me pediu, eu me senti João Batista no momento em que Jesus o pediu para ser batizado por ele.

E até aí as palavras fluíram. E eu senti que, de alguma forma, a ajudei. Graça de novo - sou péssima pra dar conselhos por mim mesma.

É...a graça continua me surpreendendo.

#wishlist: camisa "Something Blue", de Dr Who, da ThinkGeek

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Seis sonhos impossíveis


1. Philip Yancey responder meu e-mail.
2. Philip Yancey me conceder uma entrevista.
3. Conhecer Philip Yancey pessoalmente.
4. Conhecer a casa do Philip Yancey.
5. Publicar um livro com prefácio do Philip Yancey.
6. Philip Yancey me visitar no Brasil e ir ao meu casamento.

Inacreditavelmente os quatro primeiros itens dessa lista de sonhos impossíveis (quarto em andamento, só em dezembro de fato) aconteceram. É tipo como se eu estivesse num mundo paralelo de tão surreal que é. 

Ainda nem caiu a ficha de que eu realmente encontrei e conversei com o Philip Yancey, e já estou fazendo planos pra ir na casa dele em dezembro. 

Uma amiga me disse que minha vida aqui tá muito Disney. E de fato está. Só que a fase do felizes para sempre - graças a Deus - está sendo mais longa e detalhada que a parte onde o vilão tenta destruir os sonhos da mocinha.

E a vida aqui anda de bem a melhor. Meu relacionamento com a host mother está ótimo e eu já até choro só de pensar na possibilidade de ir embora (na verdade, eu chorei ao me despedir dos meninos no dia que fui viajar pra Carolina do Norte e ver o Philip pregar).

#wishlist: cachecol gigante do 4º Dr pra levar pro congelado Colorado em Dezembro.
#wishlist² (pq eu tenho direito): edição completa de luxo dupla de Alice no país das maravilhas e Alice no país dos espelhos, em inglês



domingo, 7 de julho de 2013

Um paradoxo


Eu planejei por tanto tempo vir pra cá e os sonhos das coisas que quero viver aumentaram e aumenta enquanto estou aqui.

Não que eu queira morar aqui pra sempre, não. Eu até quero talvez morar alguns anos no exterior, mas meu maior sonho ainda envolve morar em algum lugar da Pampulha. Loucura, talvez. A qualidade da vida que tenho aqui é infinitamente maior que no Brasil. Mas talvez seja isso. Talvez essa perfeição toda não combine comigo pra minha vida aqui na Terra. Talvez as imperfeições do Brasil me lembrem da vida real que também não é perfeita e um mar de rosas (e não que aqui esteja sendo assim, claramente que não). Enfim, eu amo muito minha linda cidade com todas as suas imperfeições - o que não quer dizer também que não quero que ela melhore, que os protestos continuem e que eu volte pra uma BH diferente, pra um Brasil diferente.

Mas o sonho das coisas que vou viver aqui nesse ano aumentam a cada dia. Eu me viciei. Antes já era viciada em livros, agora sou viciada em viagens e meu gosto por música e filmes também estão se tornando vícios. Vícios caros esses meus, tadinho do meu futuro marido.

Fico contando cada centavo pensando nas viagens que vou fazer aqui. Se eu não voltar com nada comprado, mas tendo viajado muito, esse ano ainda assim terá valido (muito) à pena - e que pena.

Entretanto, é cada vez mais latente o desejo de já ter vivido isso tudo e estar no Brasil. Mas esse meu Brasil está idealizado. É onde eu já estou casada, onde posso ver meus amigos com frequências, onde meus filhos estão por vir e eu posso viajar sempre.

Utopia talvez, mas prefiro chamar de esperança, não esperança vazia, mas de querer realmente que tudo isso aconteça.

Eu quero ser rica, sim, mas porque tenho esses vícios caros e ainda quero ter uma quantidade considerável de filhos e tenho meu projeto do coração pra ajudar. Não rica de sobrar dinheiro a ponto de ser fútil, não, apenas rica de poder ter dinheiro suficiente pra fazer isso tudo. E daí, nesse paradoxo de querer viver intensamente cada momento aqui e o de querer voltar pra casa, casar e conquistar o mundo, minha wishlist de hoje fica sendo essa, ser rica o suficiente.

E eu não me importo com paradoxos. Ser cristã é viver num paradoxo constante de existência, e vale à pena demais.

Uma breve história sem fim



E quando a gente não sabe?

E quando a marcação sempre muda, e o sonho tem que ser remarcado também?

E quando decidimos não marcar mais, pra não nos frustrarmos?

É, nem sempre ser noiva é saber exatamente quantos dias faltam para o nosso casamento.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Uma troca


Eu sempre me interessei demais em coisas diferentes de mim - religiões, culturas, línguas. Acho o ser humano, apesar dos pesares, fascinante!

Relações sociais, por exemplo, não são exatamente naturais pra mim. Eu aprendi a lidar com elas por meio de observação. E alguns comportamentos eu sigo, mesmo não achando explicação lógica para eles.

Sou convictamente cristã pela graça de Deus (paradoxo, haha), mas acho muito interessante analisar e estudar religiões.

Sempre me interessei por estudo de línguas estrangeiras. Mesmo odiando inglês na escola, normalmente, eu achava muito legal como as pessoas aprendem a falar de formas diferentes. Sempre gostei da história da Torre de Babel e adorei quando estudei aquisição de linguagem na faculdade. 

E as diferentes culturas, uau! Eu nunca morei fora do meu país, só morei fora da minha própria cidade antes por um mês,e ainda foi no mesmo estado. Graças à internet conheci gente de toda parte, mas ainda assim é muito diferente quando você entra de cabeça numa cultura diferente da sua.

Talvez as pessoas não pensem num choque de cultura tão grande quando vêm pra cá, afinal, com o mundo totalmente globalizado boa parte do que a gente consome é americano. Mas é muito diferente. 

Com pouco mais de três meses aqui ainda há coisas que me surpreendem. E eu acho simplesmente fascinante! Viver cenas de filmes é muito legal, e até as novelas mexicanas que vivi aqui foram muito interessantes.

Eu sei, eu não sou muito normal, fico observando minha vida e a existência humana de fora, como se eu não fosse eu, ou como se não fosse humana. Mas eu sempre fui do tipo observadora. Não falo muito (o que quem me conhece só por meios virtuais ou por blogs pode até não acreditar, já que as palavras fluem com mais facilidade quando eu as escrevo), mas observo tudo. 

E é isso, essa troca de culturas que estou vivendo provavelmente vai estar no topo das coisas mais legais que vivi por aqui.


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Uma ideia


Eu vim pra cá viver uma vida paralela pra tentar arrumar minha vida real, no Brasil.

Daí às vezes acontecem coisas aqui que me fazem pensar no porquê de eu ter saído da minha terra natal.

E me lembro que eu não tinha um bom emprego, não podia sair com os amigos, sofri decepções com "amigos" e que no Brasil é tudo muito inseguro.

Mas aqui não tenho ninguém para sair e conversar, essa é a verdade. Não tenho amigos e nem sei se ainda gostam de mim nessa nova casa. Aparentemente, o fato de eu estar insegura para dirigir num país que nunca estive antes, é demais para eles.

Eu não me sinto em casa. Posso estar morando aqui há quase três meses, mas ainda me sinto uma intrusa, cada vez que ando pela casa. E nem no meu quarto tenho tanta liberdade assim.

O que passo aqui é, de longe, bem menos do que passei na casa anterior. Talvez seja só a frieza americana que esteja me atingindo.

Ah, o calor brasileiro (das pessoas, não o da temperatura, claro)! Saudade de ver alguém querendo saber como estou, de verdade, só pra variar. Saudade de ter gente pra dar um abraço, um beijo, comer um pão de queijo! Meu Deus, o pão de queijo, minha comida brasileira, que saudade!

Se eu pudesse criar o meu próprio mundo paralelo eu criaria um Brasil onde fizesse frio, sem corrupção e com mais segurança, educação de qualidade e saúde para as pessoas. Um Brasil ao norte do mundo, por assim dizer.

Porque seria mentira também dizer que eu não gosto das facilidades desse "primeiro mundo". Seria melhor ainda se eu pudesse ser paga para fazer o que eu gosto e trouxesse todo mundo comigo, e morasse em uma comunidade brasileira pra poder ter comida de verdade na rotina.

Bom, é isso, mais um desabafo. Eu vou tentar escrever também quando tiver boas coisas pra contar, senão isso aqui será a coisa mais depressiva do mundo, e nem é esse meu objetivo.

ps: eu quero viajar! #wishlist

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma verdade


A verdade é que ficou difícil dar um nome a esse texto. Seria um desejo? Não, muito mais que isso. Um sonho...sim, mas já dei esse título (ou não?).

Enfim, falando aqui sobre filhos. Eu participo de vários grupos de au pair (como a maioria das au pairs que conheço) no Facebook. E vira e mexe (acho essa expressão tão engraçada, mas também acho que esse texto está com parênteses demais) tem gente que fala que depois de ser au pair desistiu de ter filhos, ou quis ter menos do que imaginava antes.

Estou aqui há quase dois meses. E devo admitir que não entendo a tendência das pessoas generalizarem sentimentos. Elas tendem a refletir suas próprias experiências imaginando que todas as pessoas passarão pelo mesmo. Ok, nós tendemos, vou me incluir na lista.

Então, falei, falei, e não falei nada. A verdade, meus amigos, é que a vontade não passou. A vontade só aumenta.

Hoje resolvi permitir uma bagunça, só pra variar, os meninos se acabaram de brincar na lama. E eu fiquei ali, parada, olhando. Só imaginando como se eles fossem meu Davi e meu Yan.

Sonhei uns três dias em sequência que estava grávida, na semana passada. E hoje vi esse vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=TmOhbLFtLnk

E daí só acho que, quando casar, a encomenda vai ser bem rápida, com certeza.

E hoje não tem wishlist. Porque o meu wish pra hoje é que eles venham logo. Estou com saudade dessas criaturinhas que ainda não conheço, que ainda não existem. Eu os amo e isso é tudo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Um poema sem rima



Sabe, ultimamente, eu tô assim meio mais criança que o normal.
Sem entender porque os adultos gostam de entender o motivo oculto de tudo,
porque eu não queria crescer - os adultos são complicados demais.

Porque eu gostar de ter uma copa do mundo no meu país é fugir da realidade?
Quem nunca quis ver um jogo em casa?
Tá, a realidade chama. Temos sim, que nos preocupar com o que o governo está gastando.
Mas não dá pra só torcer de vez em quando?

Porque eu não posso só ver um filme pra gostar dele,
e não pra fazer uma crítica filosófica sobre ele? Ou mercadológica, tanto faz?

Ah, são muitos porquês.
Se ficar falando aqui vai gastar espaço demais, polêmica demais.

Sei lá, tô meio assim mais criança que adulta, só querendo viver feliz.
Viver. Viver infeliz não é bem viver.





A Sofia apóia esse post =D
E eu quero que a Sofia volte a escrever #wishlist


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Um recomeço dentro do recomeço



Bom, não deu certo, vamos deixar isso pra trás. Saí da casa. Fui pra casa da diretora de área, que voltou de férias. É tão doce que nem dá pra acreditar. 

Com a volta da internet, duas famílias interessadas no meu perfil. Skype com a família da Pensilvânia. Ela está traumatizada de um rematch. Eu estou traumatizada de um rematch. Cinco crianças. Ok, duas crianças. Três são adolescentes e passam uma semana sim uma semana não na casa. 

Apesar de dormir de madrugada acordo cedo pra um skype com a au pair que compartilharia o trabalho comigo. Bem estruturada, e muito simpática. 

A proposta do match. Assim, tão rápido? Penso, penso, penso. O trauma ainda é grande, mas resolvo arriscar, digo que sim.

Tarde de compras. Na Carolina do Sul não faz 10% do frio que faz na Pensilvânia. Quatro casacos por $16. Se tem uma coisa que eu amo nesse país com certeza é o preço das coisas.

Só mais um dia na casa da diretora docinho e seus divertidos filhos. Embarco no dia seguinte. Será que volto um dia pra Carolina do Sul? A igreja do casal era tão estonteantemente linda, e eles são pessoas que ficarão para sempre comigo. A diretora gracinha também. Mas, encarando a realidade, pode ser que não volte. 

Cheguei e paramos num burguer king. A fome dos dias sem comida na casa anterior ainda estava grande. No dia seguinte, os meus meninos. Ah, como eles são lindos!

E a mãe resolve fazer o feedback por escrito, com um caderno só pra isso. Perfeito isso. Escrevendo eu sou eu mesma, mesmo que seja eu mesma em inglês.

Os primeiros dias foram de bastante aprendizagem. Disney On Ice - sonho. Igreja todo domingo - muito bom. Adolescentes chegaram. A menina mais nova sou eu com a idade dela. A mais velha é uma certa amiga loira. O menino é meu irmão escrito. 

Mas agora já estou aqui há quase um mês...mais de um mês de Estados Unidos. Quase dois, pra ser sincera. Se vou relatar o que aconteceram nessas semanas entre eu começar a escrever e o momento atual, ainda não sei. Eu me permito certas liberdades nesse lugar.

ps: um acampamento, de verdade, com a presença do Philip Yancey. Definido que irei #wishlist


sexta-feira, 3 de maio de 2013

(Mais) um sonho desfeito



O dia não importa. Estou aqui num posto de gasolina, depois de atravessar no meio de uma estrada movimentada e de ter andado mais de meia hora, tentando falar com alguém no Brasil. Ninguém me atende. 

Lágrimas e mais lágrimas, não consigo contê-las. Uma senhora afro-americana saída dos filmes americanos vem me perguntar se estou bem e diz que vai orar pra que Deus me abençoe. Ninguém ainda. A atendente da loja de conveniência pergunta se eu preciso de algo. Soluços e um inglês mal falado não a ajudam a entender o que está acontecendo.

Ele atende. Mais lágrimas. De seu jeito salvador da pátria diz que vai ficar tudo bem e me pede pra voltar pra casa. Que casa? A casa que estou vivendo mas à qual não pertenço.

Não que tudo tenha começado assim. Foram tantos e-mails, alguns skypes, muitas fotos. E uma paixão inata por aquelas três criaturinhas. Uma casa elegante, com lareira na sala e vizinhança tranquila. Uma desconfiança da rigidez militar, mas eu sempre quis conhecer militares de perto assim, não devia ser de todo ruim.

O treinamento, um sonho. Conhecer gente de todo país e constatar que o inglês não estava tão ruim assim, na verdade, estava até bom, foi muito bom. Fazer amizade com uma turca, uma sueca e uma taiwanesa, quem imaginaria? Realmente foi muito bom.

Os primeiros dias, a constatação de que tinha feito a coisa certa ao decidir vir. Compras, saídas, amigos - ah, como eu viria a precisar deles - planejamento de viagens, tudo muito bom.

Primeiro dia dirigindo com um coronel gritando sua própria versão americana de "Pede pra sair" não foi lá muito bom. Lágrimas. Mal sabia eu que elas seriam minhas companheiras por longos e intermináveis sete dias. Ou foram nove? Não lembro.

Primeira conversa. Não gostaram do que viram. Ok, não precisavam ter acusado como se faz com um cachorro que fez coisa errada e que precisa de um tom mais alto pra entender isso, mas ok, eu posso melhorar. 

 --> Uma pequena nota de ajuda para lidar com pessoas tímidas: reforçar o fato de que a pessoa é tímida não a faz deixar de ser tímida, mas pode causar uma grave crise de introspecção. Não é fácil quebrar esse casulo depois de formado.

Preciso de pontos positivos no que venho fazendo, eu digo. E no segundo dia de direção percebo que fui melhor sem os gritos do general. Mas de noite vem o terceiro dia de direção. Tenho a sensação de que nunca mais vou sentar num banco de motorista - na vida - de novo. Como ela consegue ser tão cruel sem levantar o tom de voz nem dizer nenhuma palavra "feia"? O que é isso que ela consegue fazer com o olhar? Sim, vocês já sabem, lágrimas. Sem jantar por hoje.

Será que os pais sabem que as crianças se tornam 90% mais mimadas quando estão perto deles? Como provar que aquela criança atrevida e malcriada era um anjo que brincava em time, dividia brinquedos e fazia a lição sem reclamar, há apenas alguns minutos? Acho que não sabem. Se soubessem teriam confiado em mim mais cedo e voltado à rotina normal. Mas, aparentemente, eu estou desrespeitando as crianças quando peço pra fazer alguma obrigação e me esqueço de dizer por favor. 

O que ela tem, que é uma na frente do marido, e outra comigo? E esses olhares, essa ironia...me sinto aquela coisa que não serve nem pra ser doada, nem reciclada. O verdadeiro lixo.

Os meninos estão começando a perceber que mommy, daddy e Ms Dani não estão se dando tão bem. Eles estão tristes. Crianças podem sentir esse tipo de coisa, ninguém precisa dizer pra elas. Vou pedir pra sair. Vou entrar no tal rematch. 

Eu fiz algo de errado? Me tornei um monstro. Sem telefone, ok, era deles mesmo. Quer vigiar minha conversa com a gerente regional - que está me acusando furiosamente, e eu não posso me defender, ok. Sem internet? Li no folhetinho do visto que cortar comunicação com a família é ilegal. Vou arrumar as malas. Cadê o ar? Estou sufocando, preciso sair.

Anjos. Estou bem convencida de que Deus está comigo. Aquele casal simpático. Não posso sair pra tão longe dessa vez. Mas eles saíram de novo e meu nariz agora está sangrando. Foi sangue isso que vomitei? Cadê o ar? Agora eu sei onde eles moram. Vou pra lá. Preciso respirar.

A calma. Dá pra reconhecer pessoas que vivem pela graça. Dá pra entender agora aquele versículo que fala sobre acolher um estrangeiro. Brasil, com S, de saudade. Já que eu não sei dirigir e aparentemente só sei brincar e ensinar para casa com crianças, mas as deixo em total risco de vida, é melhor eu ir pra lá. Mas isso desaparece na casa deles. Como algo depois de quase 24h. Não é birra. Só que se não dá pra pagar internet para uma "não babá" então comida deve ser algo muito caro. O banho tomei pra aquietar, mas com medo também. Medo, é tudo que eu sentia lá. Que bom que eles me deixaram ficar aqui por hoje. 

Esperança voltou. Lágrimas acho que foram as últimas que derramei naquele lugar. A cidade vai fazer falta. O casal vai fazer falta. Os meninos vão fazer falta. E quanto ao casal, que sejam felizes. Que a graça os encontre. O casal amigo disse que estão indo à igreja, que estão passando por problemas, e que estão melhorando. Não desejo mal pra ninguém. Não sei se conseguirei deixar de sentir medo, mas não desejo mal.

É, tinha feito muitos planos, mas nem tudo acontece do jeito que a gente planeja...

Sim, um post longo. Mas felicidade a gente pode contar aos poucos, pra apreciar um pouco mais. Tristeza prefiro contar tudo de uma vez. Escrever liberta, e agora não preciso mais esconder o que passei. Nem preciso lembrar mais. Está aqui, pra todo mundo ver.

ps: o Iphone 5 desbloqueado podia baixar o preço antes de eu ir embora #wishlist

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Uma pausa - O nome


O noivo, falei dele rapidamente na última postagem.

Na primeira vez que decidi ir éramos ainda namorados. Disse que não queria que eu fosse. Por esse e outros motivos, resolvi não ir.

Quando o sonho engavetado saiu pra tomar ar ele disse que me apoiava. Ele teve suas crises bipolares que todo namorado de Au Pair/ Intercambista deve ter. Mas o apoio dele também significou muito pra eu decidir vir.

Meu nome mudou de "loirinha" para "traveller" pra ele. Ou "little traveler", sem necessidade de explicação para o complemento. Ok, não mudou, mas passou a ser um novo nome. O "loirinha" ainda é oficial - aliás, não sei o que acontece aqui, todo mundo loiro, meu cabelo também está mais claro, quase que dá pra entender Lamarck.

Ia ser só Traveller o nome aqui. Mas já tinham usado. Little traveler também. Mas ficou perfeito. Nada mais justo que "His" esteja no nome. Ele faz parte dessa loucura junto comigo.

De todos os loucos do mundo eu escolhi você...Gi.

ps: quero passar uns dias em Philly #wishlist

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma explicação


Há alguns anos descobri o tal programa de intercâmbio chamado Au Pair. Quis ir e não deu certo. Abandonei o sonho - ou engavetei, como queiram. Mas sonho não morre sufocado, como dizem por aí, ele consegue dar um jeito de tomar ar, e toma tanto que se torna maior que era antes.

A verdade é que foi até bom, a experiência com crianças que consegui, as coisas que aconteceram ao longo dos anos do sonho engavetado, tudo valeu à pena. Resolvi abraçar o sonho novamente no momento certo.

Minha vida no Brasil não era lá muito boa. Tem gente que vem largando emprego e salário bons, e eu acho que faria isso também. Mas pra mim foi mais fácil largar "tudo". Ninguém espera passar cinco anos numa faculdade e lutar pra ganhar um salário mínimo - e ainda não trabalhar na área que você realmente gosta.
Ninguém também planeja ficar noivo por vários anos, mas acontece.

Não sei se é com todo mundo, mas eu tenho minha vida planejada desde que era criança. Bom, a última coisa que aconteceu na data certa foi entrar na faculdade depois do ensino médio. Mas estou até pensando em voltar a fazer vestibular agora aos 25...mas essa é outra história.

Anyway, eu vim. Larguei família, noivo, amigos e meu pão de queijo pra trás, e vim. Eu vim porque precisava de um tempo pra mim, pra me encontrar. Vim porque queria voltar a escrever de forma natural. Vim porque amo crianças mais que muita coisa na vida. Enfim, eu vim.

Mas nem tudo acontece do jeito que a gente planeja...

ps: livros do Philip Yancey, necessito todos os originais #wishlist

sábado, 27 de abril de 2013

Um pseudo-diário



Sim, esse é mais um blog de Au Pair. Não é um blog, contudo, de dicas, apesar de elas poderem aparecer aqui eventualmente, inconscientemente.

Sim, é o relato da minha experiência, mas não necessariamente é tudo que aconteceu, nem que tudo aconteceu. Quero que me permitam uma certa liberdade poética no modo que faço isso.

Não, não sei se isso um dia vai virar um livro. Só estou escrevendo. Escrever me liberta e me completa. Faz parte de mim.

Estou aqui já faz mais de mês e minha memória não é das melhores. Vou relatando alguns flashbacks, mas com certeza eles não serão tão acurados quanto meus futuros relatos.

E quero comprar uma caneta-tinteiro. #wishlist

Vejo vocês em breve.