sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma verdade


A verdade é que ficou difícil dar um nome a esse texto. Seria um desejo? Não, muito mais que isso. Um sonho...sim, mas já dei esse título (ou não?).

Enfim, falando aqui sobre filhos. Eu participo de vários grupos de au pair (como a maioria das au pairs que conheço) no Facebook. E vira e mexe (acho essa expressão tão engraçada, mas também acho que esse texto está com parênteses demais) tem gente que fala que depois de ser au pair desistiu de ter filhos, ou quis ter menos do que imaginava antes.

Estou aqui há quase dois meses. E devo admitir que não entendo a tendência das pessoas generalizarem sentimentos. Elas tendem a refletir suas próprias experiências imaginando que todas as pessoas passarão pelo mesmo. Ok, nós tendemos, vou me incluir na lista.

Então, falei, falei, e não falei nada. A verdade, meus amigos, é que a vontade não passou. A vontade só aumenta.

Hoje resolvi permitir uma bagunça, só pra variar, os meninos se acabaram de brincar na lama. E eu fiquei ali, parada, olhando. Só imaginando como se eles fossem meu Davi e meu Yan.

Sonhei uns três dias em sequência que estava grávida, na semana passada. E hoje vi esse vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=TmOhbLFtLnk

E daí só acho que, quando casar, a encomenda vai ser bem rápida, com certeza.

E hoje não tem wishlist. Porque o meu wish pra hoje é que eles venham logo. Estou com saudade dessas criaturinhas que ainda não conheço, que ainda não existem. Eu os amo e isso é tudo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Um poema sem rima



Sabe, ultimamente, eu tô assim meio mais criança que o normal.
Sem entender porque os adultos gostam de entender o motivo oculto de tudo,
porque eu não queria crescer - os adultos são complicados demais.

Porque eu gostar de ter uma copa do mundo no meu país é fugir da realidade?
Quem nunca quis ver um jogo em casa?
Tá, a realidade chama. Temos sim, que nos preocupar com o que o governo está gastando.
Mas não dá pra só torcer de vez em quando?

Porque eu não posso só ver um filme pra gostar dele,
e não pra fazer uma crítica filosófica sobre ele? Ou mercadológica, tanto faz?

Ah, são muitos porquês.
Se ficar falando aqui vai gastar espaço demais, polêmica demais.

Sei lá, tô meio assim mais criança que adulta, só querendo viver feliz.
Viver. Viver infeliz não é bem viver.





A Sofia apóia esse post =D
E eu quero que a Sofia volte a escrever #wishlist


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Um recomeço dentro do recomeço



Bom, não deu certo, vamos deixar isso pra trás. Saí da casa. Fui pra casa da diretora de área, que voltou de férias. É tão doce que nem dá pra acreditar. 

Com a volta da internet, duas famílias interessadas no meu perfil. Skype com a família da Pensilvânia. Ela está traumatizada de um rematch. Eu estou traumatizada de um rematch. Cinco crianças. Ok, duas crianças. Três são adolescentes e passam uma semana sim uma semana não na casa. 

Apesar de dormir de madrugada acordo cedo pra um skype com a au pair que compartilharia o trabalho comigo. Bem estruturada, e muito simpática. 

A proposta do match. Assim, tão rápido? Penso, penso, penso. O trauma ainda é grande, mas resolvo arriscar, digo que sim.

Tarde de compras. Na Carolina do Sul não faz 10% do frio que faz na Pensilvânia. Quatro casacos por $16. Se tem uma coisa que eu amo nesse país com certeza é o preço das coisas.

Só mais um dia na casa da diretora docinho e seus divertidos filhos. Embarco no dia seguinte. Será que volto um dia pra Carolina do Sul? A igreja do casal era tão estonteantemente linda, e eles são pessoas que ficarão para sempre comigo. A diretora gracinha também. Mas, encarando a realidade, pode ser que não volte. 

Cheguei e paramos num burguer king. A fome dos dias sem comida na casa anterior ainda estava grande. No dia seguinte, os meus meninos. Ah, como eles são lindos!

E a mãe resolve fazer o feedback por escrito, com um caderno só pra isso. Perfeito isso. Escrevendo eu sou eu mesma, mesmo que seja eu mesma em inglês.

Os primeiros dias foram de bastante aprendizagem. Disney On Ice - sonho. Igreja todo domingo - muito bom. Adolescentes chegaram. A menina mais nova sou eu com a idade dela. A mais velha é uma certa amiga loira. O menino é meu irmão escrito. 

Mas agora já estou aqui há quase um mês...mais de um mês de Estados Unidos. Quase dois, pra ser sincera. Se vou relatar o que aconteceram nessas semanas entre eu começar a escrever e o momento atual, ainda não sei. Eu me permito certas liberdades nesse lugar.

ps: um acampamento, de verdade, com a presença do Philip Yancey. Definido que irei #wishlist


sexta-feira, 3 de maio de 2013

(Mais) um sonho desfeito



O dia não importa. Estou aqui num posto de gasolina, depois de atravessar no meio de uma estrada movimentada e de ter andado mais de meia hora, tentando falar com alguém no Brasil. Ninguém me atende. 

Lágrimas e mais lágrimas, não consigo contê-las. Uma senhora afro-americana saída dos filmes americanos vem me perguntar se estou bem e diz que vai orar pra que Deus me abençoe. Ninguém ainda. A atendente da loja de conveniência pergunta se eu preciso de algo. Soluços e um inglês mal falado não a ajudam a entender o que está acontecendo.

Ele atende. Mais lágrimas. De seu jeito salvador da pátria diz que vai ficar tudo bem e me pede pra voltar pra casa. Que casa? A casa que estou vivendo mas à qual não pertenço.

Não que tudo tenha começado assim. Foram tantos e-mails, alguns skypes, muitas fotos. E uma paixão inata por aquelas três criaturinhas. Uma casa elegante, com lareira na sala e vizinhança tranquila. Uma desconfiança da rigidez militar, mas eu sempre quis conhecer militares de perto assim, não devia ser de todo ruim.

O treinamento, um sonho. Conhecer gente de todo país e constatar que o inglês não estava tão ruim assim, na verdade, estava até bom, foi muito bom. Fazer amizade com uma turca, uma sueca e uma taiwanesa, quem imaginaria? Realmente foi muito bom.

Os primeiros dias, a constatação de que tinha feito a coisa certa ao decidir vir. Compras, saídas, amigos - ah, como eu viria a precisar deles - planejamento de viagens, tudo muito bom.

Primeiro dia dirigindo com um coronel gritando sua própria versão americana de "Pede pra sair" não foi lá muito bom. Lágrimas. Mal sabia eu que elas seriam minhas companheiras por longos e intermináveis sete dias. Ou foram nove? Não lembro.

Primeira conversa. Não gostaram do que viram. Ok, não precisavam ter acusado como se faz com um cachorro que fez coisa errada e que precisa de um tom mais alto pra entender isso, mas ok, eu posso melhorar. 

 --> Uma pequena nota de ajuda para lidar com pessoas tímidas: reforçar o fato de que a pessoa é tímida não a faz deixar de ser tímida, mas pode causar uma grave crise de introspecção. Não é fácil quebrar esse casulo depois de formado.

Preciso de pontos positivos no que venho fazendo, eu digo. E no segundo dia de direção percebo que fui melhor sem os gritos do general. Mas de noite vem o terceiro dia de direção. Tenho a sensação de que nunca mais vou sentar num banco de motorista - na vida - de novo. Como ela consegue ser tão cruel sem levantar o tom de voz nem dizer nenhuma palavra "feia"? O que é isso que ela consegue fazer com o olhar? Sim, vocês já sabem, lágrimas. Sem jantar por hoje.

Será que os pais sabem que as crianças se tornam 90% mais mimadas quando estão perto deles? Como provar que aquela criança atrevida e malcriada era um anjo que brincava em time, dividia brinquedos e fazia a lição sem reclamar, há apenas alguns minutos? Acho que não sabem. Se soubessem teriam confiado em mim mais cedo e voltado à rotina normal. Mas, aparentemente, eu estou desrespeitando as crianças quando peço pra fazer alguma obrigação e me esqueço de dizer por favor. 

O que ela tem, que é uma na frente do marido, e outra comigo? E esses olhares, essa ironia...me sinto aquela coisa que não serve nem pra ser doada, nem reciclada. O verdadeiro lixo.

Os meninos estão começando a perceber que mommy, daddy e Ms Dani não estão se dando tão bem. Eles estão tristes. Crianças podem sentir esse tipo de coisa, ninguém precisa dizer pra elas. Vou pedir pra sair. Vou entrar no tal rematch. 

Eu fiz algo de errado? Me tornei um monstro. Sem telefone, ok, era deles mesmo. Quer vigiar minha conversa com a gerente regional - que está me acusando furiosamente, e eu não posso me defender, ok. Sem internet? Li no folhetinho do visto que cortar comunicação com a família é ilegal. Vou arrumar as malas. Cadê o ar? Estou sufocando, preciso sair.

Anjos. Estou bem convencida de que Deus está comigo. Aquele casal simpático. Não posso sair pra tão longe dessa vez. Mas eles saíram de novo e meu nariz agora está sangrando. Foi sangue isso que vomitei? Cadê o ar? Agora eu sei onde eles moram. Vou pra lá. Preciso respirar.

A calma. Dá pra reconhecer pessoas que vivem pela graça. Dá pra entender agora aquele versículo que fala sobre acolher um estrangeiro. Brasil, com S, de saudade. Já que eu não sei dirigir e aparentemente só sei brincar e ensinar para casa com crianças, mas as deixo em total risco de vida, é melhor eu ir pra lá. Mas isso desaparece na casa deles. Como algo depois de quase 24h. Não é birra. Só que se não dá pra pagar internet para uma "não babá" então comida deve ser algo muito caro. O banho tomei pra aquietar, mas com medo também. Medo, é tudo que eu sentia lá. Que bom que eles me deixaram ficar aqui por hoje. 

Esperança voltou. Lágrimas acho que foram as últimas que derramei naquele lugar. A cidade vai fazer falta. O casal vai fazer falta. Os meninos vão fazer falta. E quanto ao casal, que sejam felizes. Que a graça os encontre. O casal amigo disse que estão indo à igreja, que estão passando por problemas, e que estão melhorando. Não desejo mal pra ninguém. Não sei se conseguirei deixar de sentir medo, mas não desejo mal.

É, tinha feito muitos planos, mas nem tudo acontece do jeito que a gente planeja...

Sim, um post longo. Mas felicidade a gente pode contar aos poucos, pra apreciar um pouco mais. Tristeza prefiro contar tudo de uma vez. Escrever liberta, e agora não preciso mais esconder o que passei. Nem preciso lembrar mais. Está aqui, pra todo mundo ver.

ps: o Iphone 5 desbloqueado podia baixar o preço antes de eu ir embora #wishlist

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Uma pausa - O nome


O noivo, falei dele rapidamente na última postagem.

Na primeira vez que decidi ir éramos ainda namorados. Disse que não queria que eu fosse. Por esse e outros motivos, resolvi não ir.

Quando o sonho engavetado saiu pra tomar ar ele disse que me apoiava. Ele teve suas crises bipolares que todo namorado de Au Pair/ Intercambista deve ter. Mas o apoio dele também significou muito pra eu decidir vir.

Meu nome mudou de "loirinha" para "traveller" pra ele. Ou "little traveler", sem necessidade de explicação para o complemento. Ok, não mudou, mas passou a ser um novo nome. O "loirinha" ainda é oficial - aliás, não sei o que acontece aqui, todo mundo loiro, meu cabelo também está mais claro, quase que dá pra entender Lamarck.

Ia ser só Traveller o nome aqui. Mas já tinham usado. Little traveler também. Mas ficou perfeito. Nada mais justo que "His" esteja no nome. Ele faz parte dessa loucura junto comigo.

De todos os loucos do mundo eu escolhi você...Gi.

ps: quero passar uns dias em Philly #wishlist